O Publico resolveu hoje publicar uma carta enviada por Pedro Passos Coelho enquanto líder
do PSD a José Sócrates, então Primeiro-ministro, no ano de 2011, onde Passos manifesta
apoio “ao recurso a meios financeiros externos”, entenda-se, apoio à subscrição
de um resgate financeiro.
A pré campanha
eleitoral de 2015, continua assim marcada pela polémica da vinda da troika e focada em 2011. Obviamente que tudo isto interessa mais à coligação do que propriamente ao PS. Enquanto se ocupa o
espaço mediático com o que se passou em 2011, coloca-se ao mesmo tempo a memória do eleitorado na governação Sócrates e esquece-se a governação dos últimos 51 meses. Surge agora esta carta e
quem a ler irá ficar com a ideia de que o então líder do PSD, teve uma atitude
responsável, mostrando preocupação com o estado do país e apoiando o Governo na
formulação de um pedido de ajuda externa.
Acontece que à
data desta carta, o PSD, juntamente com os restantes partidos políticos com
assento parlamentar, já tinham chumbado o PEC IV provocando em consequência
disso a demissão do Governo. Perante isto, não restava outra alternativa,
porque a crise dos mercados estava na altura em pleno auge, fazendo mossa dia
após dia nas dívidas soberanas da maioria dos Estados Europeus.
O PS nunca soube
desmistificar esta situação. É verdade que foi o Governo na altura em funções que
formalmente accionou o pedido de assistência financeira. Não poderia, ser de
outra forma. Mas quem precipitou a crise política e motivou esse pedido de assistência,
foi o então líder do PSD e agora Primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, conforme
Teixeira dos Santos, voltou a admitir num artigo de opinião, este domingo no JN.
A situação
resolver-se-ia com a aprovação do PEC IV? Não se resolveria, como é óbvio, mas
ganhar-se-ia algum tempo. O tempo que Espanha soube prudentemente aproveitar, enquanto
as instâncias europeias ainda se estavam a debater com o problema das dívidas
soberanas, procurando a melhor forma de contornar a situação. Veja-se que só em
2012, os mercados acalmaram, após entrada em vigor do mecanismo europeu de
estabilidade, ratificado por todos os 17 estados-membro da zona Euro.
Concluindo, como
o PS nunca soube desmistificar esta questão durante estes últimos 4 anos e 3
meses também não será agora em 15 dias que o vai conseguir fazer. Assim sendo,
esta polémica apenas interessa à actual coligação, porque coloca o centro do
debate na governação Sócrates e não na governação Passos/Portas.
O ruído e a
confusão parecem ser a tónica do debate político em Portugal.