segunda-feira, 20 de julho de 2015

O rico e o pobre

Confesso que já cansa ouvir falar da Grécia. Cansa ainda mais o provincianismo do nosso Primeiro Ministro ao reclamar para ele o desbloqueio final do impasse que se viveu na cimeira, facto que agora é posto em causa pelo Presidente do Conselho Europeu, que diz ter sido o Primeiro Ministro Holandês a contribuir para a solução.

Ora tudo isto é ridículo e pacóvio, nada próprio de líderes políticos à dimensão europeia. Se tivermos em conta que agora mesmo a Grécia acabou de receber cerca de 7 mil milhões de euros e daqui a 10 minutos vai ficar novamente sem nada, tudo isto é perfeitamente patético.

Os Alemães, esses malvados que tem emprestado grande parte do dinheiro aos gregos, são os culpados de todos os males europeus e como têm as costas largas aguentam com tudo e todos. Os Gregos, esses boémios que viveram à grande e neste caso à grega, são também os culpados de todos os males que sobre eles recaíram desde que a famigerada crise dos mercados ainda não compreendida pelos responsáveis políticos europeus, rebentou, corria o ano de 2008.

Onde estará a virtude?

O que fazer para acabar com esta agonia em que vive hoje a Europa?

O rico deve expulsar, explorar ou ajudar (ainda mais) o pobre?

Se expulsar o pobre, o rico, fica sem nada daquilo que o pobre lhe deve. Se o continuar a explorar além do aceitável, nunca o pobre lhe conseguirá pagar honrada e dignamente e desta forma o rico arrisca-se a recuperar muito pouco daquilo que emprestou. Não resta ao rico, outra hipótese que não seja a de ajudar o pobre a pagar aquilo que o pobre deve ao rico.

Não esqueçam que cá em Portugal, a dois meses de eleições, somos um dos países mais pobres da OCDE e há cada vez mais pobres e gente a viver sem dignidade. Não esqueçam isso e façam disto um desígnio político para a próxima legislatura.

A culpa da crise não é do casal que vive na casa alugada e foi comprar o frigorífico a prestações nem do velhote que recebe menos de 300 euros de reforma, cá e na Grécia. Não esqueçam isso, na hora de ajudar os pobres dos Gregos a pagarem aquilo que vos devem.