São oito e trinta da manhã. As crianças
já estão dentro do autocarro que as levará até à praia, para mais uma manhã de
brincadeira. Os pais, acenam aos filhos, no passeio, do outro lado da estrada. Falta
um ou dois miúdos para seguirem viagem. Enfim, chegam e entram apressados no
autocarro. Os “adeus” dos pais aumentam de intensidade. A pequenada corresponde
entusiasticamente.
Há meninos cujos pais não podem fazer aquele
pequeno compasso de espera. Têm de ir trabalhar, mais cedo. Os miúdos ficam tristes, mas
compreendem e até acenam aos pais dos amigos, que ali permanecem até a camioneta os levar.
Logo
no primeiro dia em que começou a praia da escola, a minha filha perguntou: pai, podes ficar a dizer-me
adeus? Eu disse-lhe que sim e ela ficou toda contente. Então, quando o carro fica mal estacionado,
tenho que lhe dizer que hoje não vou poder ficar. Aconteceu duas
vezes. Ela compreende. Já íamos atrasados, o carro ficou em segunda fila e as
buzinas dos outros automóveis que queriam passar não perdoaram.
Do outro lado da estrada onde os
pais dos meninos dizem “adeus” aos seus filhos há uma paragem de autocarro. Hoje
estava lá uma criança e uma mãe, sentadas no banco da paragem. Não sei para onde iriam aquela mãe e aquela
menina que deveria ter uns 4 ou 5 anos. Mas ambas diziam adeus aos nossos
filhos.
Foi um gesto que me comoveu. Não dei conta que mais alguém tenha observado que ali mesmo ao nosso lado estava uma mãe e uma filha a dizerem adeus aos nossos filhos, naquele ritual matinal colectivo que se tem repetido nestes últimos quinze dias. Talvez a mãe tivesse que levar a filha consigo para o
trabalho, agora que começaram as férias escolares. Ambas diziam adeus e a mãe
deveria estar a dizer à menina que aqueles meninos iam para a escola e que
ela até tinha sorte pois a escola dela já tinha acabado.