quinta-feira, 4 de abril de 2013

Imaturidades

O antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, está hoje a ser censurado por vários Socialistas, por ter defendido que a moção de censura apresentada pelo PS, revelou “imaturidade democrática”.

Luís Amado, não depende da lógica do aparelho partidário e nesse sentido nada o condiciona. Por isso mesmo, diz o que pensa e é bom que existam homens que digam o que pensam independentemente das circunstâncias.

Existem múltiplas razões para censurar o Governo, é certo. O discurso e o método, estão errados. A política não existe. A estratégia também não. O PS tem razões para censurar o Governo, porque foi este que se desviou do consenso que garantia alguma estabilidade e não o contrário. Passos Coelho, não tem a habilidade nem a perspicácia de Paulo Portas e por isso mesmo a condução política do Governo tem sido desastrosa.

Não existiu imaturidade democrática, nesta moção de censura. Existiu, sim, imaturidade política.

Sabia-se que o documento seria rejeitado à partida, por razões aritméticas, dado a maioria parlamentar existente. Como garantir eficiência ao acto político, neste cenário?

O problema do PS, tem a ver com a sua própria identidade. É um problema patente na bancada parlamentar. Há os que defendem que o PS deveria ter optado por uma estratégia de combate, enaltecendo a avidez de poder do PSD, quando chumbou o PEC IV, dando razão à retórica Socrática. Há os que defendem que tinha de se virar a página e começar o chamado novo ciclo.

Nem uns estão totalmente certos, nem os outros completamente errados. Contudo, uns e outros, tem errado na condução política e na protagonização de uma alternativa à actual maioria, sobretudo, porque não encontraram um caminho reconciliador, entre uns e outros, entre passado e presente.

Não deixa de ser irónico e surreal ver a maioria a tentar responsabilizar o PS, caso a moção de censura passasse, por um eventual 2.º resgate. Tal como o PS fez há dois anos, ao responsabilizar o PSD por não assinar o PEC IV, mergulhando o país numa crise política.

Enquanto o PS não conseguir arrumar este problema, dificilmente conseguirá garantir eficiência aos seus actos políticos, dando consistência a uma alternativa de poder. O problema não está na imaturidade democrática, como referiu Luís Amado. O problema tem sido de imaturidade na condução política.