Depois dos muros, as cercas. Quando
hoje vi nas notícias que mais de 3000 imigrantes sobrevivem num acampamento nos
arredores da cidade Francesa de Calais, com o sonho do Reino Unido à vista,
lembrei-me dos muros.
Estes desgraçados, tentam alcançar
o túnel ferroviário que percorre o canal da mancha. Gastaram em média cerca de
3000 euros para ali chegar e demoraram cerca de 3 anos. Agora estão a 52 milhas, do
sonho. Um sonho, com elevado risco. Risco, que muitas vezes se esgota na morte.
O canal da morte, assim ficará conhecido o eurotúnel de Calais, com cerca de 50
km de extensão até Dover, a cidade britânica que tentam alcançar.
Até aqui, tentavam fazê-lo no
topo ou na parte inferior dos camiões, que seguem nos ferries. Agora, com o reforço
policial francês, a tarefa torna-se mais complexa e as alternativas são o comboio
e o túnel ferroviário.
Perante o cenário, o Governo
Inglês anuncia que vai investir 7 milhões de libras em cercas, junto de Calais para
impedir o acesso a terras de sua majestade.
Os médicos do mundo, montaram uma
espécie de hospital no acampamento improvisado nos arredores de Calais, já
conhecido como a “selva”.
Impotente e sem saber como lidar
com a situação, a Europa constrói muros e cercas, não compreendendo que não
será dessa forma que vai resolver a situação nem fazer desaparecer os
imigrantes, na sua maioria, Sudaneses, Afegãos, Etíopes e Sírios, que fogem da miséria
e da barbárie que se vive nos seus países, arriscando a vida, porque pior do
que isso, é não partir.
David Cameron, o Primeiro-ministro
britânico, de visita a Singapura, manifestou a sua preocupação pelos britânicos
poderem ter as suas férias condicionadas, devido ao atraso dos ferries. Como é
possível ter alguém com este pensamento a liderar um país como o Reino Unido?
A ideologia xenófoba continuará a
fazer caminho na Europa da “liberté, igualité, fraternité” e o problema é que
agora não temos um Churchill mas sim um Cameron preocupado com as férias dos
seus conterrâneos. Quando derem conta, estão cercados, nas cercas que eles
próprios mandaram construir.