quinta-feira, 30 de julho de 2015

Cercas


Depois dos muros, as cercas. Quando hoje vi nas notícias que mais de 3000 imigrantes sobrevivem num acampamento nos arredores da cidade Francesa de Calais, com o sonho do Reino Unido à vista, lembrei-me dos muros.
Estes desgraçados, tentam alcançar o túnel ferroviário que percorre o canal da mancha. Gastaram em média cerca de 3000 euros para ali chegar e demoraram cerca de 3 anos. Agora estão a 52 milhas, do sonho. Um sonho, com elevado risco. Risco, que muitas vezes se esgota na morte. O canal da morte, assim ficará conhecido o eurotúnel de Calais, com cerca de 50 km de extensão até Dover, a cidade britânica que tentam alcançar.
Até aqui, tentavam fazê-lo no topo ou na parte inferior dos camiões, que seguem nos ferries. Agora, com o reforço policial francês, a tarefa torna-se mais complexa e as alternativas são o comboio e o túnel ferroviário.
Perante o cenário, o Governo Inglês anuncia que vai investir 7 milhões de libras em cercas, junto de Calais para impedir o acesso a terras de sua majestade.
Os médicos do mundo, montaram uma espécie de hospital no acampamento improvisado nos arredores de Calais, já conhecido como a “selva”.
Impotente e sem saber como lidar com a situação, a Europa constrói muros e cercas, não compreendendo que não será dessa forma que vai resolver a situação nem fazer desaparecer os imigrantes, na sua maioria, Sudaneses, Afegãos, Etíopes e Sírios, que fogem da miséria e da barbárie que se vive nos seus países, arriscando a vida, porque pior do que isso, é não partir.
David Cameron, o Primeiro-ministro britânico, de visita a Singapura, manifestou a sua preocupação pelos britânicos poderem ter as suas férias condicionadas, devido ao atraso dos ferries. Como é possível ter alguém com este pensamento a liderar um país como o Reino Unido?
A ideologia xenófoba continuará a fazer caminho na Europa da “liberté, igualité, fraternité” e o problema é que agora não temos um Churchill mas sim um Cameron preocupado com as férias dos seus conterrâneos. Quando derem conta, estão cercados, nas cercas que eles próprios mandaram construir.