sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Os caminhos de Seguro

No dia em que o país (político e financeiro) não o país dos que contam os trocos no dia-a-dia, rejubilou com o acesso aos mercados, empoleirados nas mudanças operadas no BCE, amplamente decisivas para o sucesso das operações financeiras dos países em dificuldades, como Espanha, Irlanda, Itália e Portugal, António José Seguro, líder do Partido Socialista, viu alguns dos seus correligionários solicitar a antecipação do Congresso Socialista.

Em boa verdade, Seguro, pôs-se a jeito e já não é a primeira vez que se coloca fora da zona de conforto, para usar uma expressão ultimamente em voga. Quis antecipar calendários, perspectivando a eminência de uma crise política. Ora, um Partido como o PS não precisa de acelerar ou antecipar o que quer que seja. Tem a obrigação política de estar sempre preparado seja em que circunstância for para assumir a governação do país.

Alguns opositores internos, não perderam a oportunidade, para “tirar o tapete” ao líder Socialista, que não tem tido vida fácil ao longo do mandato, apesar de parecer simples fazer oposição ao Governo actual. Não acredito na tese de que até o Pato Donald estaria à frente nas sondagens, como referiu Miguel Sousa Tavares no comentário político que fez na SIC.

António José Seguro iniciou um caminho alicerçado numa estratégia com dois vectores: distanciar-se da anterior liderança do PS e promover uma oposição responsável, colaborativa em nome do superior interesse nacional, dado o momento do país.

Ao distanciar-se da anterior liderança, distanciou-se também da governação e de boa parte do actual PS. Seguro devia ter assumido o bom e o mau da governação anterior e arrumar o assunto de vez. O passado será sempre um fantasma no seu caminho e algumas das suas posições relativamente a esse passado nunca serão perdoadas pelos seus camaradas de Partido, facto agora em evidência, pelas declarações dos Deputados Pedro Silva Pereira e de Vieira da Silva, dois anteriores Ministros.

A oposição colaborativa e construtiva, deu frutos até ao dia em que o próprio Seguro decidiu mudar a rota para agradar aos sectores internos mais críticos do líder. Ambos os vectores se conjugam, como é evidente. Podia fazê-lo, especialmente quando o Governo deixou de dar cavaco ao PS e prosseguiu isoladamente o seu caminho, sem qualquer concertação com o maior partido da oposição. Mas até essa benesse não foi totalmente aproveitada.

Desta forma, o líder do PS parece nem agradar a Gregos nem a Troianos. Terá que encontrar de novo a rota, que essencialmente promova a coesão interna e apresente uma alternativa construtiva à governação actual.