quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Mercados II

Ai estamos nós nos mercados, bem antes do previsto.

Nós, a Irlanda, a Espanha e qualquer dia até a Grécia. É positivo? Evidentemente, porque significa que recuperamos alguma credibilidade e soberania financeira. Apesar de ainda irmos de “braçadeiras”, esta operação não tem a muleta da Troika.

É uma vitória de Vítor Gaspar, sem dúvida. Escolheu uma estratégia que passava exactamente por isto que está a acontecer. A esta operação vão suceder-se outras, de forma a consolidar o regresso, sem braçadeiras nem muletas. O país conseguirá financiar-se normalmente, como aconteceu até à altura que pediu o resgate.

Mas é sobretudo uma vitória do Presidente do BCE, Mário Draghi, que ainda na semana passada, falava em contágio positivo, aconselhando os países a aproveitarem a onda. Desde que substituiu o Francês, Jean-Claude Trichet, a instituição passou a reagir de outra forma à crise do Euro, implementando políticas de defesa da moeda e programas de apoio, destacando-se o programa de compra de dívida soberana, que desmotiva os especuladores.

Portugal regressa hoje ao mercado, colocando 2 mil milhões, que podem subir até aos 3 mil, considerando que a procura está a superar largamente a oferta dos títulos da dívida portuguesa. Gaspar, sabe o que faz. No plano financeiro, podemos confiar plenamente na sua folha de Excel. O problema está, no foro político.

Ontem, o Tesouro Espanhol, colocou 7 mil milhões, através de uma operação sindicada, tal como Portugal vai hoje fazer. A procura foi de 24 mil milhões de euros. Além desta operação, foram colocados em leilão, 2800 milhões de bilhetes do tesouro. A operação conjunta foi um sucesso.

A Irlanda está também a preparar duas emissões de dívida de longo prazo (9 anos), no âmbito da sua estratégia de regresso aos mercados. Na última emissão, de 2500 milhões a 5 anos, pagou uma taxa média de 3,3%.

No dia em que a dívida pública, atingiu os 120,3 % do PIB e que o Governo pediu mais tempo para pagar a dívida, os juros da dívida, a 2, 5 e 10 anos estão todos a descer.

Falta-nos arrumar a casa, porque o regresso aos mercados, sem inverter o rumo ao desemprego e ao crescimento económico, é positivo, mas não chega para nos aliviar os problemas que enfrentamos.

Confiemos na política. É ela que nos pode resolver os problemas. E nos políticos, podemos confiar? A ver vamos.