No dia em que escrevo este artigo, a luz aumentou 2,8%, o gás, 2,5%, as portagens 2%, a gasolina também deverá aumentar, como deverão aumentar todos os bens e serviços que sejam tributados por via de impostos indiretos.
Aguarda-se com expectativa a publicação das novas tabelas de retenção do IRS que como se sabe não serão nada agradáveis, dado que também os impostos diretos, aqueles que incidem sobre o rendimento, serão aumentados.
Ai está o “brutal aumento de impostos” previamente anunciado pelo Ministro das Finanças. Não sejamos piegas, havemos de aguentar e chegaremos vivos ao nosso destino, custe o que custar, como diz o Primeiro-Ministro.
Quem não tem muita certeza se o caminho que estamos a percorrer é o mais correto, é o Presidente da República. Depois de todos os analistas políticos e económicos, desconfiarem do rumo, também o Presidente da República, está assolado de dúvidas, tendo para já uma certeza: os sacrifícios estão mal distribuídos. Dito de outra forma, a esmifrada classe média, pêndulo da sociedade, vai desmoronar-se ainda mais e as consequências disso poderão ser socialmente insustentáveis.
O ano de 2013, constitui-se como uma espécie de ano da verdade. À boa maneira transmontana: “ou vai, ou racha”. É o ano da verdade em termos de contas públicas. Até aqui, quase tudo falhou. A dívida pública, galopa incessantemente, tendo já atingido os 120% do produto. A meta do défice dificilmente será cumprida, sem recurso a parte do capital da concessão da Empresa gestora dos aeroportos nacionais (ANA), ou seja, medidas extraordinárias. Pequenas e médias empresas encerraram portas, fruto da queda na procura de bens e serviços. O desemprego atingiu números inimagináveis constituindo-se como a maior preocupação do país. Portugal está mergulhado numa profunda recessão, económica, financeira e social. Não aguentará uma crise política, mas também não aguentará mais austeridade, se esta dose cavalar a que foi sujeito voltar a falhar.
O prometido regresso aos mercados no mês de Setembro, não bastará. Como referiu o Presidente, “não basta recuperar a confiança externa dos nossos credores”. Por essa altura, haverá eleições na Alemanha e há quem diga, que depois disso, o caminho se inverterá. Veremos, como lá chegaremos.