segunda-feira, 30 de abril de 2012

Memórias de Adriano


(…) O vinho inicia-nos nos mistérios vulcânicos do solo, nas riquezas minerais escondidas: uma taça de Samos bebida ao meio-dia, em pleno sol, ou, ao contrário, absorvida por uma noite de Inverno, num estado de fadiga que permite sentir imediatamente na concavidade do diafragma o seu derramamento quente, a sua segurança de escaldante dispersão ao longo das artérias, é uma sensação quase sagrada, por vezes forte de mais para uma cabeça humana (…)

M. Yourcenar, in Memórias de Adriano.