O 25 de Abril, deve ser comemorado, pelo povo, nas ruas e praças, das aldeias, vilas e cidades do país. Independentemente dos tempos difíceis que vivemos, da descrença que se apoderou das pessoas e da ausência de vontade de comemorar o que quer que seja, o 25 de Abril, deve ser sempre assinalado.
Aquelas comemorações na Assembleia da República estão desactualizadas, tornam-se chatas e pouco apelativas. Não há pachorra para os discursos longos e demorados, que se vão sucedendo, dos líderes parlamentares ao Presidente da República. Este ano, só mesmo a intervenção da Senhora Presidente da Assembleia poderá escapar e trazer algo de novo.
Os Senhores deputados prestavam um bom serviço se nesse dia se deslocassem aos seus círculos eleitorais (distritos) e convivessem com o povo que os elegeu, ouvindo os seus anseios, problemas e expectativas. O Presidente da República deveria abrir o Palácio de Belém, como faz (fazia) no 5 de Outubro. A Assembleia da República também deveria estar aberta ao povo que a quisesse visitar nesse dia, tal como todos os museus, bibliotecas e demais serviços públicos de génese cultural.
O 25 de Abril deve ser assinalado pelas autarquias, porque o poder local democrático deve-se ao 25 de Abril. São elas que devem promover as comemorações e procurar envolver as suas comunidades nessas comemorações, com actividades desportivas, culturais e recreativas, sem discursos políticos gastos e pouco interessantes.
Dito isto, enquanto não acabam com o feriado do 25 de Abril, como acabaram com o 5 de Outubro e pasme-se com o feriado da restauração da independência no dia 1 de Dezembro, deve comemorar-se o 25 de Abril nas ruas e não na Assembleia da República.
Não significa isto que ache correcta a decisão da Associação 25 de Abril em não comparecer nas comemorações solenes que amanhã se realizam na Assembleia. Muito menos posso concordar com as razões invocadas. E também não entendo em consequência disto que o Dr. Mário Soares não esteja presente. Os valores e o espírito de Abril, poderão estar beliscados, mas o regime democrático não está em causa.
Por isso, 25 de Abril, sempre!