O Governo quer proibir o consumo de tabaco nos automóveis quando transportarem crianças. Aparentemente, ninguém de bom senso poderá contestar esta ideia e também ninguém com bom senso nos dias que correm deveria dar umas fumaças com criancinhas no banco traseiro a respirarem a fumaça e a cinza que a ventania acaba por levar ao banco traseiro sempre que se sacode o cigarro pela janela.
Ainda me lembro quando era miúdo de ir todo contente no banco traseiro, sem cadeira nem qualquer protecção e de o meu pai fumar cigarro atrás de cigarro sem pensar no pobre indefeso que tinha de suportar aquela nuvem de fumo e a cinza que a ventania insistia em trazer de volta para o automóvel.
O meu pai que é e sempre foi um homem com muito bom senso. Como os tempos são diferentes! Nos anos 70 não havia cadeirinhas tal como não havia muitas outras coisas que hoje existem. O acto de fumar era socialmente aceitável e perfeitamente normal em qualquer espaço. No carro, no café, num hotel, em casa, no local de trabalho, na Assembleia da República e até em plena televisão.
A cultura do homem evoluiu e nos tempos actuais, fumar dentro de um carro com criancinhas no banco traseiro é reprovável e ninguém com bom senso o deveria fazer. Se deixamos de fumar no café para não incomodar os outros, será mais fácil não fumar no carro para não prejudicar os nossos filhos.
Então, para que será preciso um decreto ou uma lei? Porque se torna necessário uma vez mais o Estado decretar aquilo que devemos e não devemos fazer? Será preciso imiscuir-se na privacidade do nosso automóvel para dizer o que devemos e não devemos fazer dentro dele?
Infelizmente, os que defendem menos Estado, não terão vida fácil. O Estado gosta de nos controlar a vida, seja ele governado ideologicamente à esquerda ou à direita.
Infelizmente, os que defendem menos Estado, não terão vida fácil. O Estado gosta de nos controlar a vida, seja ele governado ideologicamente à esquerda ou à direita.
O homem evoluiu culturalmente e o que fazia há 30 anos de forma natural, hoje reprova porque entretanto um conjunto de padrões de comportamento foram alterados em função de variadas condicionantes, no caso em concreto, maior consciencialização dos perigos que o tabagismo representa para a saúde entre outras premissas de ordem social.
O problema é que os homens não são todos iguais. Para o bem e para o mal.