Passo Coelho começou por prometer em campanha eleitoral, o Governo mais pequeno da história Constitucional e cumpriu. A equipa que lidera é de facto a mais curta da história dos Governos Constitucionais. Nada disto seria notícia ou daria que falar se a promessa não sugerisse que poucos e bons gastam menos ao erário público, como fizeram crer as sucessivas declarações públicas em campanha eleitoral do actual, Primeiro-ministro.
Isto vale o que vale, seja no Governo, numa Empresa ou noutra qualquer organização. A eficiência de uma equipa não se mede pelo número de elementos que a compõem mas pela qualidade dos seus outputs, ou seja, a medida em que os resultados das políticas que se pretendem implementar são ou não positivos.
Álvaro dos Santos Pereira, não é um político. Já todos demos conta disso. Mas a verdade é que a política precisa do contributo de pessoas com valor e visão para além do estrito olhar dos actuais políticos. Precisamente porque os políticos actuais não têm a principal característica que distingue um político de um técnico, que é a visão.
Os partidos políticos são estruturas formais, emparedados em modelos mais ou menos rígidos de organização. No eixo da governação é frequente na preparação dos programas de governo, a realização de fóruns onde políticos, técnicos e outros quadros dos mais variados sectores da dita sociedade civil, convivem e debatem as políticas que vão compor o programa que vai servir de base à governação.
Volvida esta fase, vêm as eleições, o partido que ganha, rapidamente arruma com estes fóruns, os independentes ou as pessoas recrutadas nestes fóruns para comporem o governo são olhadas de lado pelos membros do partido que aspiravam a governar bem como pelos demais grupos de interesses e lobbies que gravitam à volta desses políticos.
E vão ser estes políticos que ficam de fora do Governo, juntamente com os tais lobbies que vão fazer a cama aos membros não políticos, como Álvaro dos Santos Pereira. Esses são precisamente os políticos de quem o país está farto e não precisa. Porque não têm visão, porque não defendem o interesse público, porque não se sabem rodear de quadros como o Álvaro preferindo dar guarida aos medíocres que compõem os grupos de interesses.
O Álvaro, começou por inovar ao romper com o tradicional formalismo com que se tratam os Senhores Ministros. Chamem-me Álvaro e não Senhor Ministro, disse nas primeiras aparições após tomada de posse. Num pais que venera doutores, diplomas e canudos, este foi um mau começo. Ficou sempre marcado, como o Álvaro.
Colocar-se um homem que não é político à frente de um gigantesco ministério criado propositadamente para alimentar a fotografia do governo mais curto de sempre foi um erro tão crasso como o da criação do megalómano ministério. Esvaziar o Ministro das principais competências é outro erro que em última instância Passos Coelho pagará caro.
A culpa não é do Álvaro, sob fogo desde o primeiro dia, por políticos e demais lobbies, que não descansam enquanto não virem a sua cabeça rolar.
É cedo diz o professor Marcelo. Passos Coelho não o deixará cair por agora, não só porque é realmente cedo e porque a culpa da criação do ingovernável ministério da economia, emprego, transportes e obras públicas é do próprio Primeiro-Ministro.
E há ainda outro factor a considerar. Agora é o tiro ao Álvaro. Quando este cair, os tiros voltar-se-ão para outro alvo. Há sempre um alvo final, Passos Coelho sabe disso.