terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O novo cardeal Português, D. Manuel Monteiro de Castro, concedeu na semana passada uma entrevista ao JN onde, entre outros temas, abordou a problemática da família e o papel da mulher na sociedade. Segundo o cardeal, “a função essencial da mulher na sociedade, é a educação dos filhos”.

Caiu o carmo e a trindade. O homem foi alvo dos mais variados ataques oriundos dos mais variados quadrantes. Das feministas militantes já se esperava que assim fosse, mas atendendo à visão mais retrógrada que esta declaração deixa antever, o diplomata foi bombardeado por todos os lados.

Visto de forma crua, as declarações podem considerar-se irreais, próprias de alguém que não entende o mundo em que vivemos e ainda se revê no tempo da outra Senhora. Não sei se foi essa a intensão do cardeal diplomata, mas na verdade, a família como centro nevrálgico da sociedade, aliada ao problema da natalidade, merecem um sério debate.

A família está em queda, tal como a natalidade. Não há evolução económica e social, sem famílias estáveis. Não crescem crianças saudáveis, com valores, com amor, das 9 da manhã às 7 da noite em infantários, dia após dia.  

Existe um modelo nórdico, evoluído, que combina duas dimensões essenciais da sociedade e da economia, que são o emprego e a natalidade. O sistema público e privado funciona. A família funciona. Há tempo para a família. E ter tempo para a família não é dar mais um mês de licença ou mais um subsídio parental. Existe igualdade de género, as mulheres trabalham, como os homens, mas a verdade é que há nesses países politicas públicas que equilibram a vida profissional com a vida familiar e com o lazer.

Segundo Gunnar Andersson, demógrafa da Universidade de Estocolmo, são as mulheres que estão no mercado de trabalho que têm uma maior taxa de natalidade nos países nórdicos.

A realidade nórdica desmente as declarações do cardeal Português, porque a focalização destas políticas centra-se no individuo e não apenas na mulher. O Presidente Cavaco, perguntou há cerca de dois anos numa Presidência aberta em Gouveia o que é que era preciso para que nasçam mais crianças no interior. No interior e no país em geral. Nada melhor do que copiar o modelo nórdico e ajustar a nossa economia à luz de alguns dos princípios desse povo.