Realizou-se uma
vez mais com enorme êxito a feira do folar de Valpaços, uma referência no
panorama das mostras gastronómicas regionais e nacionais.
Tudo começou em
1999, quando um pequeno grupo de Valpacenses deu o primeiro passo. De então até
hoje, a Feira do folar fez o seu caminho e não parou de crescer.
O folar
enquadra-se numa quadra repleta de misticismo e significado para os cristãos,
tem uma história que importa preservar e valorizar e a confecção do produto
engloba outros produtos de enorme e comprovada qualidade. Este conjunto de
atributos contribuiu significativamente para o crescimento e afirmação da feira
do folar.
Quando no
fim-de-semana de 18 e 19 de Março do ano de 2000, Câmara Municipal, Junta de
Freguesia de Valpaços e Casa de Trás-os-montes e Alto Douro de Lisboa,
decidiram realizar uma mostra do certame em Lisboa, deu-se o primeiro passo
para a promoção da feira, além fronteiras regionais. O sucesso dessa iniciativa
foi na minha opinião enquanto agente activo na organização da mesma, um marco
histórico na promoção e divulgação da feira do folar, que um mês depois
realizava a sua II edição em Valpaços, no fim-de-semana de ramos, dias 15 e 16
de Abril do ano de 2000. A afluência de gente foi verdadeiramente surpreendente
tal como o crescente número de encomendas de folar que nos dias anteriores
foram solicitadas às padarias do Concelho.
Dai aos dias de
hoje a feira do folar desenvolveu-se e consolidou-se, ocupando hoje, por
direito próprio, um lugar de excelência no quadro de honra dos certames de
produtos regionais. A oferta gastronómica a par das actividades desportivas e
de animação musical, cultural e recreativa consolidaram o modelo organizacional
em que assenta hoje a feira do folar de Valpaços.
Não se pense que
podemos descansar à sombra do êxito. Na inovação do certame e na certificação
do produto residem as chaves para o futuro e sucesso do evento e do próprio
folar.
Há vários anos
que o processo de certificação do folar de Valpaços se arrasta. Este ano, a
justificação da autarquia à imprensa, quando confrontada com a questão, foi praticamente
a mesma do ano passado, no sentido de que a certificação está a um passo de ser
conseguida. Contudo, há pelo menos meia dúzia de anos que ouvimos dizer que o
processo de certificação do folar se encontra na recta final.
Uma semana antes
da realização da feira do folar de Valpaços, a Associação de Indústrias
de Panificação promoveu um concurso para escolher “o melhor folar e o melhor
pão-de-ló de Portugal”. O folar produzido pela empresa Prazeres da Terra,
sedeada em Chaves, foi considerado o melhor pão da Páscoa salgado de Portugal,
conquistando a medalha de ouro neste concurso nacional. O mesmo folar, venceu
também o "Concurso Nacional de Pão, Broas, Folares e Bolas Tradicionais
Portuguesas", promovido pelo Centro Nacional de Exposições de Santarém.
A
competitividade intermunicipal é tão importante como as parcerias que resultam
da cooperação que os municípios promovem entre si. Os nossos parceiros são ao
mesmo tempo nossos concorrentes, não tenhamos ilusões. O melhor folar é o de
Valpaços, mas os outros é que ganham as medalhas de ouro. Esperemos que o
mesmo, não aconteça com a certificação do folar.
Evidentemente
que este processo de certificação, não ofusca o êxito das várias edições da feira
muito menos a qualidade do nosso folar. Contudo, pode condicionar o seu futuro,
crescimento, exploração de outros mercados para lá dos tradicionais e
participação noutras montras que exijam produto certificado.
Estou certo que
este meu alerta, não deixará de ser levado em conta, por quem tem a
responsabilidade de não se deixar ultrapassar na recta final e no próximo ano,
possamos ter finalmente o folar de Valpaços inscrito no circuito dos produtos
portugueses certificados com selo de garantia e qualidade.