Não sei porque se gerou tanta polémica à volta da questão da RTP. Primeiro, este Governo tem uma agenda ideológica liberal, exposta no seu programa eleitoral e portanto tem legitimidade para fazer o que bem entende com as empresas públicas e demais serviços públicos que ainda restam. Já não será bem assim se as intenções de quem nos governa, apesar de legítimas, porque foram sufragadas, esbarrarem no interesse geral ou público, apesar de interesse público e interesse geral, não significarem propriamente a mesma coisa.
Há um ano atrás o Governo criou uma comissão para produzir um relatório sobre a noção de serviço público na comunicação social e a partir desse documento reestruturar a entidade que deve assegurar esse serviço. Volvido quase um ano não se sabe bem se o Governo tenciona seguir os conselhos e considerações tecidos por essa comissão de especialistas.
Seja como for, vou escrever novamente aquilo que escrevi aqui no dia 20 de Novembro do passado ano, sobre a RTP.
Um só canal público, com o mínimo de publicidade, mantém o serviço público. Não é preciso privatizar o outro canal. Basta acabar com ele. A RTP Memória não serve rigorosamente para nada. A RTP informação também não faz qualquer falta, porque a SIC Notícias e a TVI24 cumprem perfeitamente esse papel. A RTP África e a RTP internacional devem ser fundidas e reestruturadas, pois o seu papel é fundamental nos PALOP e no resto do mundo, podendo ser um excelente veículo de divulgação da nossa cultura, do nosso turismo e economia na comunidade internacional.
E acrescento: se concessionarem ou privatizarem a RTP era o que mais faltava continuarem-nos a cobrar a respectiva taxa audiovisual.
O que me faz mais impressão é ver aquelas pessoas que nunca viram a RTP2, insurgirem-se agora contra o encerramento do canal, à boa maneira portuguesa. Isso e o relatório que o Governo agora meteu na gaveta para fazer precisamente o contrário do que os entendidos recomendam.