quinta-feira, 21 de junho de 2012

Porque não te calas?

Sílvio Berlusconi concedeu uma entrevista ao The Wall Street Journal, carregada de blasfémias, como é seu timbre. Devia ter estado calado e quieto. O recato, a prudência e o silêncio deveriam ser regra de ouro para indivíduos como Berlusconi. Se a Europa está como está, deve-se precisamente ao período em que os Berlusconis estiveram em cena nos seus países. São políticos sem valores, sem escrúpulos, sem carácter e nobreza suficiente para servir a República.

Da entrevista sobram duas ou três atoardas mediáticas que correm mundo. O antigo chefe Italiano, diz que ou a Alemanha se convence a aceitar que o BCE deva garantir as dívidas soberanas dos Estados Europeus comprando títulos e emitindo moeda, ou Berlim deve sair do Euro. Num outro cenário, aponta a hipótese de Itália sair ela própria do euro e reintroduzir a sua própria moeda.

Estamos desgraçados enquanto esta gente continuar a abrir boca. É verdade que o problema do euro tem que ser resolvido de forma sólida e coesa, no quadro das instâncias europeias. Haverá brevemente uma cimeira (mais uma) para encontrar uma solução que acabe com esta agonia instalada e que aparentemente não tem fim à vista. Só há um caminho: uma união política e não apenas monetária. Torna-se necessário criar condições para alterar a arquitectura em que assenta o ordenamento político europeu. No dia em que for dada esta garantia e que se verifique na prática que isso não passa de mera intenção, os mercados acalmam. Esta crise não se resolve a colocar euros em cima de euros. Os Project-bonds e os eurobonds apenas vão acalmar a situação por uns tempos. São garantias financeiras, não políticas. Sem união política, continuaremos na mesma. É preciso que a política exerça o seu papel regulador e não se deixe condicionar pelo vento que sopra dos mercados.

Se Berlim sai do euro, isso será ruinoso para a Europa e também para a própria Alemanha. O mesmo se aplica à Itália. Estas atoardas de Berlusconi mostram o porquê da Europa estar como está.