Ontem foi o dia da Europa. O dia em que se deveriam comemorar os valores e elevar o espírito que levou à fundação e união dos países europeus.
A Europa encontra-se hoje numa enorme encruzilhada. As estratégias individuais dos países parecem sobrepor-se ao interesse colectivo da união. As diferentes perspectivas políticas e interesses individuais fintam a consciência do sonho europeu e da memória dos seus fundadores.
Não há animais políticos na Europa de hoje. Há políticos administrativos, sem rasgo nem visão, que tratam dos assuntos públicos de forma displicente e desorientada, sem saberem para onde vão, carregados de incertezas.
É na incerteza que vive a Europa de hoje. Todos reconhecem que a união política e monetária precisa de um alicerce político sólido, comum e coeso. Mas ninguém quer dar o passo necessário para que a Europa se transforme numa verdadeira União política e não apenas económica e monetária.
A vitória de Hollande em França abre algumas expectativas, proporcionando algum equilíbrio ao mapa geopolítico. Equilíbrio não significa acentuar diferenças ou extremar posições, se existir vontade e crença num projecto político e económico comum para a Europa. Se assim não for, continuaremos na mesma
A Chanceler Alemã, já avisou que a política económica e financeira que tem sido exercida pelo eixo “franco-alemão” terá que continuar a ser seguida. Na questão do Afeganistão também fez saber que a retirada das tropas deve ser conjunta. Hollande quer retirar as tropas já este ano. Em política de defesa, a Europa não pode falar a duas vozes. Mas também não pode continuar a falar a duas, três ou quatro vozes em política económica e social. Não podem falar/liderar dois países ou grupos de países, andando os restantes a reboque como é o nosso caso ou afastando-se como faz o Reino Unido. A Europa tem que passar a falar a uma só voz, continuando o espírito da evolução europeia. Se assim não for, o sonho europeu dará lugar a uma enorme manta de retalhos.
