Em política, como de resto em praticamente tudo na vida, a coerência é fundamental. É a coerência das nossas atitudes em função do sistema de crenças, valores e código de conduta de cada um que credibiliza ou descredibiliza uma pessoa. Num político, esta premissa é crucial, no seu desempenho e na sua liderança.
A propósito do Carnaval, ninguém de bom senso poderia estar à espera que depois de terem sido eliminados dois feriados civis e dois feriados religiosos, se mantivesse a tolerância de ponto na terça-feira de carnaval. Seria de todo incoerente e injustificável, considerando a postura e conduta dos actuais governantes.
A decisão, que para mim, nem é boa nem é má, porque é sobretudo coerente e isso é um sinal importante, peca no entanto por tardia. Quando há uns meses se começou a discutir na opinião pública a eliminação dos feriados, os governantes deveriam ter dado um sinal, relativamente ao Carnaval.
A festa pode bem fazer-se no fim-de-semana anterior, como é evidente. Contudo, há desfiles programados para o próprio dia e nesse sentido talvez as Autarquias e demais organizações de festejos carnavalescos nas cidades com tradição se precavessem um pouco mais.
Resta também dizer que esta decisão abrange apenas a função pública. Ouvi hoje que os bancos irão dar tolerância de ponto nesse dia. Outros provavelmente seguirão o exemplo, enquanto outros não o farão. Existem os que sempre trabalharam, tanto no sector público como no sector privado. Os sectores ligados à restauração e hotelaria nunca param nestes dias. As confederações e demais organizações representantes destes sectores queixam-se que esta decisão irá prejudicar ainda mais o turismo nacional.
Vamos ver como se irá comportar o país nesse dia. Seja como for, mais importante do que toda a polémica gerada e que ainda se irá gerar, foi a coerência da decisão.
Hoje mais do que nunca, quem governa não pode emitir sinais errados, mesmo sendo carnaval e ninguém levando a mal.