Não é simpático dizer nos tempos que correm que os políticos são mal pagos. Mas essa é a minha convicção. Os políticos, como a maioria da população, são mal remunerados. Não se compreende que um Primeiro-Ministro, um Ministro ou um Secretário de Estado, considerando o elevado nível de responsabilidade que possuí, ganhe pouco mais do que 5000 euros. Qualquer gestor num banco ou numa qualquer empresa pública, com ou sem lucro, ou privada, rentável, ganha mais do que o Primeiro-Ministro.
Não significa isto que se arranjem uma série de subsídios e apoios extras para compor o ordenado. Aos políticos, de certa forma, convém continuar com estes ordenados pouco sugestivos. Afasta desde logo uma série de gente, profissionalmente competente. Embora para a política, devam vir os virtuosos, os que defendem o interesse geral, acima de todo e qualquer interesse. O problema é que os partidos, a política, está pejada de incompetentes e de gente que defende o seu próprio interesse ao invés do interesse público. Por outro lado, ordenados menos "chorudos" acabam por desresponsabilizar de certa forma a incompetência. Mas não a justificam nem se aceita que assim possa ser.
Ficava bem a este Governo acabar com todos os subsídios, ajudas disto e daquilo e rever decentemente a tabela remuneratória para o exercício de cargos e funções públicas, na Administração Pública e no sector empresarial do Estado.
Esta semana reuniu o Conselho de Estado. Ao fim de 6 horas houve fumo, um fumo muito insípido. Apelou-se à união e diálogo entre as forças partidárias. Este Conselho de Estado serviu apenas para condicionar ainda mais a posição do Partido Socialista na votação do Orçamento de Estado. O PS está cada vez mais inseguro nesta matéria.
Esta semana falou-se ainda de subvenções, além dos subsídios. O País ficou oficialmente a saber que os Loureiros, os Limas, os Coelhos e os Varas, os Correias, os Melancias e outros tantos, ainda em actividade, com elevados ordenados no sector privado e em certas empresas participadas pelo Estado, têm também uma subvenção vitalícia pelo exercício de cargos públicos, entretanto extinta por Sócrates, mas sem efeitos retroactivos e que quase passava incólume à tesoura deste Governo, que só poda onde pode podar.
Pague-se o que é devido a quem se dispõe a exercer essas funções e acabe-se com todas essas subvenções e subsídios, que só causam mal estar e desconfiança à já de si, pouco credível, classe política.